segunda-feira, 28 de outubro de 2013

José Saramago



É LÁ QUE TE ESPERO

Lá no centro do mar, lá nos confins

onde nascem os ventos, onde o sol

sobre as águas doiradas se demora;

Lá no espaço das fontes e verduras,

dos brandos animais, da terra virgem,

onde cantam as aves naturais:

Meu amor, minha ilha descoberta,

é de longe, da vida naufragada,

que descanso nas praias do teu ventre,

enquanto lentamente as mãos do vento,

ao passar sobre o peito e as colinas,

erguem ondas de fogo em movimento.


José Saramago

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Feliz dia do Poeta



Achei este texto andando  pela internet e queria com ele homenagear dois amigos,
dois poetas que tem a sensiblidade a flor da Pele! 

A  minha doce Muchila e Aramis




Ser poeta é ter a capacidade de sintetizar e resumir, como disse Fayga Ostrower: 
“Só os poetas podem condensar a experiência humana, e isso não passa pelo intelectual.” 

Ser poeta é ter a capacidade de aparentar, como Fernando Pessoa: 
“O Poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.” 

Ser poeta é ser orgulhoso, segundo François Mauriac: 
“O orgulho dos poetas não passa de defesa; a dúvida atormenta até mesmo os melhores; eles necessitam de nosso testemunho para não se desesperarem.” 

Ser poeta é conseguir observar a natureza, como Voltaire: 
“O esplendor da relva só pode mesmo ser percebida pelo poeta. Os outros pisam nela. Um mérito inegável da poesia: ela diz mais e em menor número de palavras que a prosa.” 

O poeta consegue enxergar o que ninguém vê, é Ulisses Tavares:: 
“Olha de novo: não existem brancos, não existem amarelos, não existem ******: somos todos arco-íris.” 

Veja a subjetividade de Platão... 
“Todo homem é poeta quando está apaixonado” 

Sinta a excitabilidade de Carlos Drummond de Andrade: 
“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo... “ 

Enfim, a importância de ser poeta é resumida por Edmund Burke: 
“A poesia é a arte de materializar sombras e de dar existência ao nada.” 

Curta, então, uma pequena amostra da sensível Lea Waider: 
“Arranco o amado distante do meu corpo e me liberto da dor da ausência ou deixo que sua luz, tão forte quanto rara, me alimente os sonhos de calor?” 


 E assim ...

 Apresento a voces ..meus poetas preferidos


Sou o meu maior e o mais feroz inimigo...e por este motivo, todos os dias preciso me perdoar...(V.Cruz)


e


 Sob a lâmina de minha espada subjugo a injustiça. Sob o naquim de minha pena retiro a venda dos olhos do povo" (Aramis)



sábado, 19 de outubro de 2013

Assim mesmo ...





Todos vamos envelhecer... 


Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar. Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios. Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores. Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma neglicenciada anos a fio. 



("Erótica é a Alma", por Fabíola Simões - Blog "A Soma de Todos os Afetos")

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

V. Cruz



Para ter me mantido junto...devia ter me deixado solta...tudo às vezes é só uma questão de interpretação...não precisava me prender, nem me perder... (V. Cruz)

100 anos de Vinicius de Moraes


Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes