terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

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Redação feita por uma aluna do curso de Letras
Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal
de Pernambuco - (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo
professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.





Redação:
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no
elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos
pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com
um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito
oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes
ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num
lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno
índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou
o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco
tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a
se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do
substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu
aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética
clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um
hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando
ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente
chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num
transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu
ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um
período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente
oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos
e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa
próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um
perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu
grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu
repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo,
e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram
gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver
aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo
auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo
o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que
loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo
absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele
predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez
mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo
claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto
abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e
culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois
dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na
história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e
voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo
feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A rua das rimas....





A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,
direita, estreita, bem feita, perfeita,
com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;
e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,
douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;
e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso;
e algum piano provinciano, quotidiano, desumano,
mas brando e brando, soltando, de vez em quando,
na luz rara de opala de uma sala uma escala clara que embala;
e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;
e de noite, no ócio capadócio,
junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões;
e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que mata...);
e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...
A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher que bem me quer
é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calças nuas,
correndo paralelamente, como a sorte diferente de toda gente, para a frente,
para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito, bendito, que sempre repito
e que rima com mocidade, liberdade, tranqüilidade: RUA DA FELICIDADE...

Autor: Guilherme de Almeida, o príncipe dos poetas brasileiros.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu queria um mundo melhor ....






Eu queria ter um mundo melhor ...

Eu queria te dizer que no mundo que eu vivo, todos os dias são claros, o clima é ameno, nem muito sol nem frio intenso.
Lá não existem problemas, todos se amam, vivemos com quem amamos, as pessoas não julgam, respeitam, zelam, protegem ,
O sol se põe fazendo com que as manhãs fiquem ainda mais lindas e tranquilas, como num bailar, as ondas do mar beijam a praia que o recebe suavemente..
Eu queria te dizer que lá no mundo que eu vivo , o perfume das rosas esta por toda parte, a musica invade nosso coração e percorre nossa Alma , nos deixando infinitamente equilibrados...
Eu queria dizer a voce que esse meu mundo é totalmente "justo" e que não há julgamentos, todos nós somos felizes nos ajudando ...
Lá estamos sempre juntos, não há rivalidades, nem covardia, não há tristeza, somos donos de nós mesmos e cuidamos dos corações uns dos outros ...a regra é essa.. não recriminamos..não julgamos ...
Eu queria dizer que no meu mundo não há violencia, não existem armas.... as portas não se fecham, lá não há crueldade com nossas crianças e nossos idosos são tratados com dignidade, respeito e amor..
Eu queria dizer a voce que onde eu vivo o "lixo" é cuidado, tratado, mas quem com ele mexe faz curso de Alegria.
Eu gostaria de trazer voce para este meu mundo.. para onde eu, em meus mais sinceros pensamentos construi..
Vou cria-lo...Aqui ..lá.. ... Aqui dentro do meu coração ... Vou sentar em meu canto e sentir o perfume do meu lindo pé de Jasmim...

Leila
23/07/2008